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Artigos - Chin Na

por Dr. Yang, Jwing‐Ming

traduzido por Sofia Simões

Chin Na significa, literalmente, “controlar e agarrar”. O Chin Na abrange uma vasta gama de técnicas defensivas e ofensivas, desde a imobilização manual básica ao avançado Dim Mak (点脉 ) ou “toque mortal”. As técnicas fundamentais podem ser aprendidas por qualquer artista marcial ou até por alguém sem qualquer experiência em artes marciais. Estas técnicas podem ser facilmente adaptadas e incorporadas em qualquer arte marcial, como o Judo, o Shuai Jiao, o Karaté ou Tae Kwon Do, de forma a aumentar a variedade de reacções. Assim que uma pessoa consiga dominar todas estas técnicas fundamentais, o seu estudo pode progredir para um Chin Na mais avançado, sendo este tão profundo que demorará mais de 20 anos a aprender, praticar e dominar. Trata‐se de um conhecimento sem fins nem limites. Quando o Chin Na atinge um nível avançado, as aplicações do Qi ( 氣 ) – energia interna – e do Jin – energia externa – tornam‐se muito difíceis de compreender.

 

A velocidade é o factor mais importante numa técnica de Chin Na eficaz. Muitas vezes, no Chin Na, utilizamos apenas metade ou até mesmo um terço da força do nosso adversário. No entanto, sem a velocidade somos incapazes de controlá‐lo antes que este consiga escapar ou contra‐atacar. Existem muitas técnicas de Chin Na que requerem uma quantidade significativa de força para a sua execução e manutenção do controlo. Se não tivermos a velocidade e a força suficientes, o nosso Chin Na estagna num nível mediano e frequentemente nos

aperceberemos que nos expomos a contra‐ataques ou nos colocamos em posições menos vantajosas. 

Assim, a velocidade e a força são parte integrante do treino do Chin Na. Para que a técnica de agarrar seja eficaz no Chin Na, é necessário treinar a velocidade e a força. Este treino inclui: velocidade e força dos dedos e palma das mãos, extensão dos braços, velocidade e força de rotação, utilizando a bacia para direcionar o Jin para os braços e dedos, e avançar de forma a conquistar uma posição vantajosa para a técnica em utilização. No geral, um Chin Na eficaz requer rapidez, força e coordenação entre os braços, bacia e a forma como avançamos para o adversário.

 

Algo importante de relembrar: quando utilizamos uma técnica de agarrar, estamos a demonstrar misericórdia ao nosso adversário. Se conseguirmos controlar um adversário através de uma técnica de agarrar, tal permite‐nos atacá‐lo com maior facilidade e de forma mais segura. Existem duas circunstâncias em que podemos utilizar uma técnica de agarrar num combate. A primeira é quando utilizamos técnicas de aderência, onde uma técnica de agarrar do Chin Na pode ser fácil e eficazmente aplicada. A segunda é quando a nossa capacidade de combate é maior que a do adversário e não o queremos magoar. Aqui, aplicamos o Chin Na de forma a demonstrar misericórdia e provar que possuímos a capacidade de controlar o nosso oponente.

 

Regras Gerais do Chin Na

 

Uma vez decidida a técnica de agarrar a utilizar, é necessário controlar o adversário por completo. Um controlo parcial apenas nos trará problemas e perigo. Existem algumas regras gerais a relembrar:

 

1. Ao aplicar uma técnica ascendente, devemos conseguir levantar os calcanhares do adversário do chão. Caso contrário, ele manterá o seu equilíbrio e será capaz de atacar com um murro ou pontapé.

 

2. Ao aplicar uma técnica descendente, devemos obrigar o adversário a uma posição inferior, de forma a que a sua cara ou cotovelo toquem no chão, deixando‐o numa posição totalmente vulnerável.

 

3. Ao aplicar uma técnica circular, é necessário destruir o equilíbrio do adversário. Este equilíbrio dá‐lhe a capacidade de resistir e contra‐atacar. Uma vez perdido, conseguiremos controlá‐lo, quer numa direção ascendente ou descendente.

 

4. Ao controlar um adversário através do Chin Na, devemos sempre ter uma técnica suplente, tal como um murro ou um pontapé, de forma a conseguirmos destruir a sua capacidade de ataque, caso a nossa técnica de Chin Na não resulte. Se for necessário utilizar essa técnica suplente, não devemos hesitar. Atenção: demonstrar misericórdia para com o nosso adversário pode revelar‐se cruel para nós próprios.

 

5. Independentemente da técnica Chin Na utilizada, nunca devemos colocar o nosso corpo frente ao adversário. O ideal é levá‐lo a adoptar uma posição que não lhe seja vantajosa, para que possamos colocar‐nos na sua lateral ou atrás dele. Colocarmo‐nos em frente ao adversário sem que este esteja primeiro numa posição desfavorável poderá ser extremamente perigoso e imprudente.

 

6. As palavras‐chave do Chin Na são “torcer”, “dobrar” e “pressionar”.

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